
Era o dia 2 de setembro de 1987, quando 35 dirigentes de editoras, reunidos na Universidade de Brasília por ocasião do 4º Seminário Brasileiro de Editoras Universitárias, formalizaram a criação da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), que atualmente conta com 132 filiadas. O grupo já tinha construído um laço por meio do Programa Interuniversitário de Distribuição de livros, o PIDL, que possibilita ainda hoje a distribuição e comercialização de publicações entre as associadas. Por perceber semelhanças entre os desafios enfrentados, ainda que muitas editoras tivessem perfis variados, encontrou-se no associativismo o caminho para fortalecer o trabalho desenvolvido pelo segmento.
Atualmente, quase quatro décadas depois, a ABEU se mantém firme em seus propósitos, colaborando para aproximar um país tão diverso e marcado por variadas identidades. Presente nas cinco regiões do país, a ABEU oferece um elo em comum, em que cada integrante auxilia o outro nas suas mais variadas demandas, partilhando protocolos estabelecidos e bem-sucedidos. No sentido de favorecer a ampla circulação das publicações em nível nacional, possibilitando também que o público tenha acesso à leitura, a ABEU atua como apoio para a participação das associadas em eventos científicos, feiras e festas literárias, desde grandes bienais, como a Bienal do Rio e a Bienal de São Paulo, até eventos localizados nos diversos territórios.
Criação de políticas públicas
Ainda no sentido de favorecer a ampla circulação dos livros publicados pelas associadas, em 2020, em decorrência da pandemia de covid-19, foi criada a Feira ABEU, uma iniciativa on-line que viabilizou a venda de livros e, também, a distribuição de títulos em acesso aberto. A plataforma funcionou de modo satisfatório, agradando público e associadas, de tal modo que se mantém em funcionamento mesmo no período pós-pandêmico, comprovando que algumas estratégias emergenciais podem colaborar para a implementação de novas ações.
Também se realiza uma pesquisa periódica no intuito de dar conta das variações do setor e do perfil das associadas, fazendo um levantamento de dados que trazem um retrato do segmento desde as questões editoriais, até as de vendas e marketing. Esse levantamento possibilita a tomada de decisões tanto por parte da diretoria da ABEU quanto das associadas, além de subsidiar o movimento por criação de políticas públicas para o livro e a leitura no País.
Como sinal de amadurecimento das publicações acadêmicas e universitárias brasileiras, em 2015, foi criado o Prêmio ABEU, que atualmente conta com nove categorias e visa a reconhecer anualmente a qualidade e excelência dos títulos publicados pelas editoras do setor.
Seminário Brasileiro de Edição Universitária
A ABEU promove encontros anuais, itinerantes e sempre tendo uma das editoras associadas como anfitriã. Em 2025, chegamos à trigésima sétima edição da Reunião Anual da ABEU e ao 7º Seminário Brasileiro de Edição Universitária e Acadêmica. A ideia é proporcionar a troca de experiências, aprofundar discussões da agenda pública, discutir os desafios enfrentados pela área, e ainda possibilitar a capacitação das equipes editoriais por meio dos cursos do ABEU Técnico, específicos para tratar de demandas que digam respeito ao processo editorial e administrativo.
A ABEU também tem a tradição de publicar livros tanto com o intuito de preservar a memória da edição universitária e acadêmica, quanto com o objetivo de proporcionar reflexões sobre assuntos que careçam de debate e aprofundamento no âmbito da produção editorial em universidades e institutos de pesquisa. Nesse sentido, já se somam quatro publicações: “Edición universitaria en América Latina: debates, retos, experiencias” (2011), organizado por João Carlos Canossa Mendes e Juan Felipe Córdoba Restrepo, por meio de uma cooperação entre Asociación de Editoriales Universitaria de América Latina y el Caribe (EULAC), ABEU, Asociación de Editoriales Universitarias de Colombia (ASEUC), Red Nacional Altexto de Editoriales Universitarias y Académicas de México (ALTEXTO) e Editorial Universidad del Rosario; outra publicação com esse intuito é “Um livro: do autor ao leitor”, de autoria de Carlos Alberto Gianotti e Gabriel Magadan, lançado em 2018 por ocasião da edição daquele ano do Prêmio ABEU; o terceiro título é “Editoras Universitárias: estratégias de gestão”, organizado por Flávia Goulart Rosa e Rita Virginia Argollo, em 2019, também lançado durante a entrega do Prêmio ABEU; e o último, lançado em 2022, é intitulado “Editoras universitárias: desafios contemporâneos”, também organizado por Rita Virginia Argollo e Flávia Goulart Rosa. Todas esses livros estão disponíveis na página da ABEU para download gratuito (https://www.abeu.org.br/livros-abeu/).
Cooperação e multilinguismo
As iniciativas elencadas ao longo deste texto servem para ilustrar o caráter de cooperação que sustenta a ABEU. Não se trata de uma simples congregação de editoras vinculadas a instituições de ensino ou pesquisa. Para além dessa perspectiva, a ABEU se baseia no associativismo, na união de força entre pares, na conquista conjunta. Seu trabalho, ao longo desses 38 anos de existência, se pauta no bem comum, em oportunizar o protagonismo de suas associadas, seja uma grande e sólida editora já estabelecida no cenário, seja uma iniciante que requer de maior apoio e, algumas vezes, até incentivo.
Não se trata de um percurso simples, uma vez que falamos aqui em produção e difusão da Ciência, principalmente em um período de guerra de narrativas e deepfakes sustentadas por Inteligência Artificial. Entretanto, a força que fez com que a ABEU acompanhasse o processo de redemocratização do país é a mesma que a move para atravessar de modo satisfatório os desafios impostos pelo avanço da tecnologia digital e da descrença no científico. A ABEU permanece como instituição sólida, defendendo e apoiando a produção e divulgação da Ciência em língua portuguesa e espanhola, apostando no multilinguismo como norte para os novos tempos que enfrentamos. Fortalecer a diversidade de olhares, o potencial ibero-americano, valorizar e respeitar as nossas culturas é compromisso e meta.
Desafios
A ABEU, assim como todo o segmento editorial, enfrenta desafios significativos que precisam ser repensados a curto e médio prazos, incluindo a adaptação às rápidas mudanças tecnológicas e, principalmente, às estratégias de uso para IA de modo ético e respeitando os direitos de todas as partes. Além disso, a instituição deve continuar a promover a diversidade cultural e linguística, fortalecendo o potencial global, mas valorizando as culturas locais. A ABEU também precisa continuar promovendo reflexões acerca da sustentabilidade financeira e da relevância das editoras universitárias em um cenário cada vez mais competitivo.
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ABEU, una experiencia de
asociacionismo universitario en Brasil
El sector de la edición universitaria y académica en Brasil ha sido impulsado por la Asociación Brasileña de Editoriales Universitarias, que a lo largo de cuatro décadas ha sabido estructurar, fortalecer y promover a sus miembros hasta el día de hoy, cuando la edición científica mundial mira con expectativa al espacio iberoamericano del conocimiento.
Era el 2 de septiembre de 1987, cuando 35 directores de editoriales, reunidos en la Universidad de Brasilia con ocasión del 4º Seminario Brasileño de Editoriales Universitarias, formalizaron la creación de la Asociación Brasileña de Editoriales Universitarias (ABEU), que actualmente cuenta con 132 asociados. El grupo ya había construido un vínculo a través del Programa de Distribución Interuniversitaria de Libros, PIDL, que aún hoy permite distribuir y vender publicaciones entre los miembros. Al percibir similitudes entre los desafíos enfrentados, aunque muchos editores tenían perfiles diferentes, encontraron en la asociación la forma de fortalecer el trabajo desarrollado por el segmento.
Hoy, casi cuatro décadas después, la ABEU sigue firme en sus propósitos, ayudando a unir a un país tan diverso y marcado por identidades variadas. Presente en las cinco regiones del país, ABEU ofrece un vínculo común, en el que cada miembro ayuda al otro en sus más variadas demandas, compartiendo protocolos establecidos y exitosos. Con el objetivo de promover la amplia circulación de publicaciones a nivel nacional, posibilitando también el acceso del público a la lectura, la ABEU actúa como apoyo a la participación de los asociados en eventos científicos, ferias y festivales literarios, desde grandes bienales, como la Bienal de Río y la Bienal de São Paulo, hasta eventos localizados en diferentes territorios.
Contribución a las políticas públicas
También con el fin de promover la amplia circulación de los libros publicados por los miembros, en 2020, a raíz de la pandemia de Covid-19, se creó la Feria ABEU, una iniciativa en línea que posibilitó la venta de libros y también la distribución de títulos de acceso abierto. La plataforma funcionó satisfactoriamente, agradó al público y asociados, tanto que se mantuvo en funcionamiento incluso en el período post pandemia, demostrando que algunas estrategias de emergencia pueden colaborar en la implementación de nuevas acciones.
También se realizan investigaciones periódicas para dar cuenta de los cambios en el sector y el perfil de sus integrantes, recopilando datos que ofrecen un retrato del segmento desde cuestiones editoriales hasta ventas y marketing. Esta encuesta posibilita la toma de decisiones tanto de la dirección de la ABEU como de sus asociados, además de apoyar el movimiento por la creación de políticas públicas para el libro y la lectura en el país.
Como muestra de la madurez de las publicaciones académicas y universitarias brasileñas, se creó en 2015 el Premio ABEU, que actualmente cuenta con nueve categorías y tiene como objetivo reconocer anualmente la calidad y la excelencia de los títulos publicados por editoriales del sector.
Seminario Brasileño de Edición Universitaria
La ABEU promueve reuniones anuales itinerantes, siempre organizadas por uno de los editores asociados. En 2025, llegaremos a la trigésima séptima edición de la Reunión Anual de la ABEU y al séptimo Seminario Brasileño de Edición Universitaria y Académica. La idea es propiciar el intercambio de experiencias, profundizar las discusiones sobre la agenda pública, discutir los desafíos que enfrenta el área y también posibilitar la capacitación de los equipos editoriales a través de los cursos ABEU Técnico, específicamente diseñados para atender las demandas relacionadas al proceso editorial y administrativo.
La ABEU también tiene la tradición de publicar libros tanto con el objetivo de preservar la memoria de la edición universitaria y académica, como con el objetivo de proporcionar reflexiones sobre temas que requieren debate y estudio en profundidad en el ámbito de la producción editorial en las universidades e institutos de investigación. En este sentido, ya se han sumado cuatro publicaciones: “Edición universitaria en América Latina: debates, retos, experiencias” (2011), organizada por João Carlos Canossa Mendes y Juan Felipe Córdoba Restrepo, a través de una cooperación entre la Asociación de Editoriales Universitarias de América Latina y el Caribe (EULAC), ABEU, la Asociación de Editoriales Universitarias de Colombia (ASEUC), la Red Nacional de Editoriales Universitarias y Académicas de México (ALTEXTO) y la Editorial Universidad del Rosario; Otra publicación con este propósito es “Un libro: del autor al lector”, escrito por Carlos Alberto Gianotti y Gabriel Magadan, lanzado en 2018 con motivo de la edición de ese año del Premio ABEU; El tercer título es “Editoriales Universitarias: estrategias de gestión”, organizado por Flávia Goulart Rosa y Rita Virginia Argollo, en 2019, también durante la ceremonia de entrega de los Premios ABEU; y el último, lanzado en 2022, se titula “Editoriales universitarias: desafíos contemporáneos”, también organizado por Rita Virginia Argollo y Flávia Goulart Rosa. Todos estos libros están disponibles en el sitio web de ABEU para su descarga gratuita (https://www.abeu.org.br/livros-abeu/) .
Cooperación y multilingüismo
Las iniciativas enumeradas a lo largo de este texto sirven para ilustrar el carácter cooperativo que sustenta a la ABEU. No se trata simplemente de una congregación de editoriales vinculadas a instituciones de enseñanza o investigación. Además de esta perspectiva, la ABEU se basa en el asociacionismo, en la unión de fuerzas entre pares, en la conquista conjunta. Su trabajo, a lo largo de estos 38 años de existencia, se ha basado en el bien común, en brindar oportunidades a sus asociados para tomar el liderazgo, ya sean grandes y sólidas editoriales ya establecidas en el panorama, o un principiante que requiere de mayor apoyo y, a veces, incluso estímulo.
No se trata de un recorrido sencillo, ya que hablamos aquí de la producción y difusión de la Ciencia, principalmente en un período de guerra de narrativas y deepfakes sustentados por la Inteligencia Artificial. Sin embargo, la fuerza que permitió a la ABEU acompañar el proceso de redemocratización del país es la misma que la impulsa a superar satisfactoriamente los desafíos impuestos por el avance de la tecnología digital y la desconfianza en la ciencia. La ABEU sigue siendo una institución sólida, que defiende y apoya la producción y divulgación de la ciencia en lengua portuguesa y española, que apuesta por el multilingüismo como guía para los nuevos tiempos que enfrentamos. Fortalecer la diversidad de perspectivas, el potencial iberoamericano, valorar y respetar nuestras culturas es un compromiso y una meta.
Desafíos
La ABEU, al igual que todo el sector editorial, enfrenta desafíos significativos que deben ser reconsiderados a corto y mediano plazo, incluyendo la adaptación a los rápidos cambios tecnológicos y, principalmente, a las estrategias de uso de la IA de manera ética y respetando los derechos de todas las partes. Además, la institución debe continuar promoviendo la diversidad cultural y lingüística, fortaleciendo el potencial global, pero valorando las culturas locales. La ABEU también debe seguir promoviendo reflexiones sobre la sostenibilidad financiera y la relevancia de las editoriales universitarias en un entorno cada vez más competitivo.